Em Extras, último volume da série best seller Feios, Scott Westerfeld revisita o mesmo universo distópico, onde todos são modificados cirurgicamente aos 16 anos para atingir a perfeição estética. Mas, dessa vez, o foco da crítica ferina do autor é a fronteira público/privado.
A era da perfeição física acabou e, na sociedade pós-libertação, os cidadãos estão conectados à interface da cidade e, em seus canais individuais, compartilham informações de todo o tipo. Tecnologia, beleza, comportamento, tudo pode ser publicado. Mas o conteúdo é o que menos importa, contanto que ele garanta uma posição no top 10 do ranking da fama. Nesse novo mundo, Aya Fuse, uma Feia de 15 anos, é, ainda, uma Extra. Ou seja, neste complexo novo sistema social, ou se é conhecido ou se é apenas um figurante sem importância.
Ocupando o 451.611º lugar nessa tabela, Aya está bem longe de seu próprio irmão, Hiro, que está entre os que ocupam o topo da lista de celebridades. Mas nesse universo não é necessário fazer alguma coisa relevante para ter sucesso: basta encontrar alguém que o faça e contar a todo mundo. Para Aya, a descoberta de um grupo de misteriosas meninas que se arrisca a surfar em trens magnéticos pode ser a oportunidade perfeita. Uma matéria tão boa que irá despertar o interesse de todo mundo, incluindo alguém há muito desaparecido.
Extras confirma o talento de Westerfeld em criar mundos e sociedades tão absolutamente diferentes e, ao mesmo tempo, tão intrinsecamente semelhantes aos atuais. Uma paródia brilhante sobre a obsessão do mundo moderno pela fama.