Neste breve ensaio, Omer Bartov destaca, com clareza, as concepções jurídicas que, no quadro internacional, permitem distinguir entre crimes de guerra, limpeza étnica, crimes contra a humanidade e genocídio.
Ao considerar os acontecimentos recentes em Gaza, logo após o condenável ataque do Hamas, que desencadeou a reacção militar das Forças Armadas de Israel e uma escalada de violência contra os palestinos na Cisjordânia, o historiador analisa algumas das declarações públicas e extremistas de responsáveis governamentais e do exército. Nestas declarações ele vê não apenas uma campanha meramente retórica, mas sim uma operação prática que tem por objetivo dar continuidade ao processo de limpeza étnica, a qual poderá degenerar em genocídio.
Ao pretender ignorar a ocupação e a opressão de milhões de pessoas ao longo de décadas e incapaz de estabelecer um real compromisso político com os palestinos, o Estado de Israel visa em primeiro lugar a sua desumanização, cujos sequência de passos – destruição, deslocamentos em massa, despovoamento e morte de inocentes em grande escala – pode preocupantemente conduzir a um genocídio.
O autor alerta a comunidade dos judeus de todo o mundo, mas também a comunidade internacional, para este perigo, para que os crimes de guerra não redundem em genocídio, lembrando que após o Holocausto é a dignidade e a humanidade do outro que devemos proteger.